Sejam bem vindos ao meu universo...

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sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Entrevista com Ronnie Radcke


Como foi o seu primeiro final de semana livre?
Cheio de ansiedade. Eu não podia ficar perto de um grande número de pessoas, ficava nervoso e começava a tremer. Hoje foi bem mais fácil. Fui ao shopping pela primeira vez, e tinha um pessoal que queria me filmar para por no youtube. Eu agachei e cobri meu rosto. Estou voltando pra realidade, sabe?
Parece ser bem intenso.
É sim. Eu sou a mesma pessoa, embora muita coisa tenha mudado. Estou sóbrio agora e vou ficar assim. Tudo que eu quero fazer é trabalhar – trabalhar no meu disco e na minha carreira. Esse é meu foco principal.
Até agora, qual a maior mudança pra você em relação a ter saído da cadeia?
A maior mudança e tentar se adaptar ao que está acontecendo ao meu arredor. É mais difícil pra mim, porque eu estou mais famoso hoje do que quando fui pra cadeia. Tipo, bem mais famoso. Eu não tinha percebido quão famoso eu estava. Recebi cartas de fãs, mas não tinha imaginado que a coisa tinha escalado a esse ponto. Eu saio, e todo lugar onde eu vou, parece que tem alguém que sabe do que aconteceu ou é um grande fã. Eu não sei, eu chamava mais atenção do que qualquer outro prisioneiro normal, não é? É difícil se acostumar com isso, mas estou tentando, mesmo assim. Estou até saindo bem.
O que você está fazendo para deixar tudo isso mais fácil pra você?
Tento me manter ocupado. Eu me forço a fazer coisas que eu não quero fazer. Tipo, “vamos no Walmart” ou “Tudo bem cara, eu não quero fazer isso, mas a gente tem que fazer.” Se eu não fizer isso agora, vai ficar pior depois. Então eu vou andar até o Walmart, certo? As coisas pequenas como segurar o dinheiro, são tão estranhas pra mim. É uma loucura segurar dinheiro, ou beber água de uma garrafa. Eu abro a torneira, e acabo saindo sem fechar, porque na prisão elas desligam sozinha. É uma loucura. Comer comida? Meu Deus. É como ter um orgasmo na minha boca, comer comida que não é a comida da prisão.
Descreva para as pessoas como é estar na prisão. Você tinha um telefone?
Não, de forma alguma. É tudo isolado. É provavelmente a pior coisa que poderia acontecer com alguém, a menos que essa pessoa seja um morador de um país de terceiro mundo. A liberdade é tomada de você, muitas pessoas não se preocupam com isso. Até que isso acontece com você, e isso muda sua vida pra sempre. Eu nunca vou ser o mesmo. Eu tenho mais respeito por mim mesmo e pelas pessoas que estão do meu lado. Não sou desrespeitoso, tento ser educado. Mais educado do que eu era antes. Dentro da prisão, tem muitas coisas que você tem que seguir, ou então você pode acabar literalmente morrendo por alguma estupidez – trombando com alguém e não pedindo desculpa.
Nossa. É assustador. As pessoas não percebem quanto você não pode errar lá. É muita pressão.
Eu me sai bem por um bom tempo. Conforme você enfrenta essa experiência toda da prisão, ela vai ficando mais fácil… eu não sei, é difícil explicar. É tão violento né? Cheio de ódio. Tem tanto ódio na prisão. Tem os Nazistas skinheads, Panteras Negras, os bloods, crips… e onde eu me encaixo nisso tudo? Eu nunca entrei pra nenhuma dessas gangues ou coisa do tipo porque eu não acredito nesse tipo de coisa, mas parece que não existe amor. É literalmente ódio, o tempo todo.
O que você fez para se proteger?
Fiz bastante flexões. Estou com músculos agora – um pouco mais de músculo. Eu tive que me proteger algumas vezes. Uma das coisas que as pessoas pensam errado sobre a prisão é que as pessoas são estupradas. As pessoas não são mais estupradas na prisão. E se elas são, não acontece com muita freqüência. E isso foi bom. Esse lance todo ficou nos filmes. Isso é uma das coisas que as pessoas não sabem.
Você pode receber visitas?
Sim. Eu tive que escolher minhas visitas. A única pessoa que eu escolhi pra me visitar foi o meu amigo Nason [Schoeffler, baixista do Falling In Reverse]. Muitas pessoas queriam ir me visitar, mas eu não queria receber eles. Queria começar de novo. Queria ter uma nova vida. Não queria lidar mais com o drama todo, mas queria deixar ele.
Isso faz sentido. Teve muitas pessoas que estavam do seu lado nos últimos anos que não se preocupavam com você ao certo e que eram más influências. Para ficar limpo e se manter limpo, você tem que se desconectar dessa pessoas.
É quase impossível fazer isso quando os caras da sua antiga banda usavam drogas junto com você. Quando a bola cai, tudo começa a ruir, e tudo acaba com só uma pessoa pra culpar depois disso. É ai que você começa a ver quem são seus verdadeiros amigos, se é que você me entende. É como se de repente, é tudo minha culpa. O Max Green [baixista do Escape The Fate] me ajudava a conseguir as drogas. Ele me ajudava a roubar dinheiro. Ele costumava me dirigir porque eu nunca tive uma carteira de habilitação, então ele era sempre quem estava dirigindo a van. Nos parávamos em alguns lugares para vender nossa merch e comprar drogas. E era ele dirigindo. [Um representante do Green foi questionado sobre isso mas não quis comentar, Max Green segue internado num Centro de Reabilitação].
Eu lembro de uma vez que o Brett Gurewitz da Epitaph Records  chegou em mim – eu tinha acabado de sair da cadeia por umas multas de transito e ele disse algo do tipo, “você precisa se internar num CR”. Ele virou pro Max e falou, “Max eu to confiando em você, que você vai pegar ele e levar ele direto pro Centro de Reabilitação”. E o Green tava tipo, “Tá, cara. Entendi.” Ninguém sabia que o Max era um viciado. Ele mantinha isso bem secreto. Logo quando eu sai, o Max disse, “Vamos pra um CR. Mas antes você quer parar na casa de um traficante?” e eu virei e disse, “Vamo lá.” Sete dias depois, eu finalmente fui internado no Centro de Reabilitação.
Quando foi isso?
Essa foi a única vez que eu fui internado, foi antes do lançamento do Dying Is Your Latest Fasinion [2006]. Eu sempre pensei que o Max fosse um bom amigo, mas eu nunca soube o que ser um bom amigo significava. Eu não acho que um amigo faria isso com você, e depois iria apunhalar você pelas costas. Fora que eu conheço os caras do Escape The Fate há tanto tempo já, e eles falaram tanta merda durante esse tempo que eu fiquei preso, tanta coisa que eu nem fiz. E eu realmente não fiz. Todo mundo sabe. Você pode ler lá nos documentos – a parte judicial, sobre o que aconteceu – não fui eu que fiz aquilo. Eu fui o único que foi parar na cadeia. Mas não atirei em ninguém. Não dei um soco em ninguém. Mas acabei sendo o bode expiatório.
Você tem falado com o Green recentemente? Quando foi a última vez que falou com eles?
Ele nunca escreveu nenhuma carta pra mim, não tenho falado com ele. Tudo que o Escape The Fate faz é falar merda sobre mim.
Então você não tem falado com ninguém da banda?
Não, nem escreveram cartas. Nem uma se quer.
Você sente falta deles?
Não. Bem, no começo, logo quando eu fui preso, era tudo tão novo, eu sentia falta deles. Depois começaram os papos “Oh, ele foi pego com heroína.” Começaram a inventar uma série de mentiras.”Ele está viciando em heroína, na prisão. Foi pego com heroína. Ele que se foda. Vá chupar ele. ” Falaram isso pra um moleque de 13 anos direto do palco, sabe. “Foda-se o antigo vocalista. Ele foi pego com heroína. Vai continuar preso lá por muito tempo. A próxima música se chama ‘Situations’, e lá ia ele cantar a minha música. Tipo, não sei direito. Não quero falar com o Green. Não somos amigos. Nunca vamos ser amigos depois de tudo isso. Como você poderia ser amigo de alguém que fez isso com você? Além do mais alguém que te conhecia por tanto tempo, também. É tipo, sem coração, sabe?
Como você ficou sabendo dessas coisas quando estava na prisão?
O Nason vinha e falava tudo que tava rolando. Eu não acreditava na maior parte das coisas que ele falava, tipo, como os discos do Escape The Fate estão uma merda hoje e como o Craig [Mabbitt] é um péssimo vocalista e como a sua voz é tão tunada [auto-tune]. Eu fui até o facebook do ETF e vi que todo comentário é praticamente um “vai se foder”. Não tinha percebido como tenho fãs tão leais. Pensava que eu ia cair no esquecimento. Não percebi como isso iria ficar tão grande.
Toda entrevista que era feita com você ou outras pessoas falando sobre você, sempre gerava uma grande repercussão. Porque você acha que acontecia isso?
Acho que isso é fruto da minha realidade… eu uso o meu coração na minha manga, e eu sou honesto com tudo que eu faço. Eu nunca vou deixar de ser honesto nas minhas letras e nas minhas composições. Quando isso sumiu [do Escape The Fate] eles ficaram se olhando e perguntaram “o que vamos fazer agora?” e acabaram decidindo que o produtor iria escrever tudo. E quando o produtor é quem faz tudo, você não está mais fazendo aquilo com o seu coração. Não é o coração da banda, pelo menos. Você pode tirar o vocalista de uma banda que já tem um certo sucesso, podem colocar um novo vocalista e vestir ele exatamente da mesma forma pra tentar enganar os fãs. Mas não da certo. Essa molecada consegue ver isso, pelo menos é nisso que eu acredito.
Como foi o tratamento das drogas na cadeia? Qual a diferença com os normais centros de reabilitação?
A experiência toda na cadeia foi um centro de reabilitação. E isso foi outro motivo que me deixou muito bravo quando saíram os boatos de que eu fui pego com heroína. Se eu fosse pego com heroína eu continuaria na cadeia. Eu pegaria mais uns quatro anos, sabe?  Obviamente não foi verdade. Sobre o tratamento lá… não é as 1000 maravilhas, é praticamente igual ao que nós temos do lado de fora. Você mora e aprende ali. Fazer exercícios todos os dias acabou limpando o meu corpo das toxinas, e restaurou meu cérebro ao ponto de que hoje eu nem penso em pegar uma pílula ou tomar algo. Estou tão forte hoje, é ridículo.
Em Outubro de 2008, você disse em uma entrevista que você tinha quase um álbum inteiro pronto e que iria gravar com o Omar [Espinosa, Ex-ETF]. A sua banda atual é fruto desse projeto? São as mesmas músicas?
Não é mais com o Omar. É o mesmo produtor [Michael Baskette] que produziu o Dying Is Your Latest Fashion. Na época, era pra eu ir trabalhar com o Omar. E estou feliz que não fiz isso, porque eu não estaria na minha melhor forma, minhas letras estão além de qualquer outra coisa que eu já escrevi. As pessoas não sabem ainda. Minhas letras estão ridículas hoje.
Em que sentido?
As metáforas, e como as palavras se juntam. Você já é um profissional no que faz, certo? E alguém te coloca dentro de uma solitária. Por dois anos e meio, e todo dia você acaba pensando em novas coisas, e você não sofre nenhuma influência externa de qualquer tipo de música – porque não tem nenhuma outra música. É só você e você mesmo, e tudo que você faz é escrever, escrever, escrever, literalmente por dois anos e meio. Eu acabei tendo algumas idéias geniais… Eu não acho que ninguém vai chegar perto do que eu tenho por um bom tempo.
Quantas músicas você escreveu?
Cerca de 25 músicas estão prontas, e outras 30 estão encaminhadas.
Quais os temas abordados?
Muitas são sobre a minha mãe, algumas sobre a prisão, e sobre sair da prisão e voltar por algo que eu não fiz, e como Las Vegas é corrupta. Músicas sobre o Max e o Craig e como eles são idiotas hoje. É muito sobre… coisas verdadeiras, sabe? Eu tive uma vida difícil, então não dá pra escrever músicas sobre amor.
Você não teve espaço pra isso também, de certa forma.
Sim. Eu só escrevo aquilo que eu sinto. E não vou mentir pra mim mesmo e tentar escrever músicas sobre como eu amo alguém. Eu tenho amor, mas…. tem muitas musicas sobre aquilo que eu enfrentei. O que eu estou enfrentando e o que vou fazer.”
Como foi que o Falling In Reverse se formou?
A banda se formou por causa do Nason. Eu estava falando com ele, “estou pensando em abandonar a música, cara. Eu vou arrumar um emprego normal.” E lembro que ele olhou pra mim – eu estava parando com as pílulas – e ele disse, “Cara. Você não pode fazer nenhuma outra coisa, meu. Você nasceu pra isso.” E eu nunca me esqueci disso. Foi bem nessa época que eu tava aparecendo nos jornais com o status de procurado, estava na casa dele. O US Marshal entrou e me pegou no dia seguinte. E eu falei pra ele, “Hey, Nason quer fazer parte da minha banda?” E ele na hora topou. Um mês depois, ele criou o MySpace e começou a construir, construir e construir. Mudamos o nome de From Behind These Walls para Falling in Reverse porque significa muito mais, não é?
Então começou tudo crescer. Ele conheceu um cara chamado Jacky [Vincent]. Ele tem um diploma em música e não tem ninguém na indústria toda, no nosso gênero musical, que é melhor que ele. Ele realmente é o melhor. [Procurem por ele] no youtube. Ele é tipo o Steve Vai. Ele é tão bom. E ele tem 21 anos. É quase como o guitarrista do Avenged Sevenfold, Synyster Gates. E depois um cara chamado Derek [Jones] se juntou a nós, ele tocava na Agony Scene. Ele também tocou na banda A Smile From The Trenches. A gente testou alguns bateristas. Alguns não deram certo porque houve problemas relacionados as drogas, e eu não queria estar perto de pessoas que usam drogas. Por enquanto vamos encontrar alguém só pra gravar o álbum. Vamos eventualmente colocar alguém fixo na posição. A gente deve ir de carro no dia 27 gravar o álbum.
Com o Elvis Baskette, né?
Sim, nós iríamos de avião, mas não posso pegar meu documento de identidade.
É porque você roubou?
Não, não, não. É porque eu fui expulso da cadeia, e eles pegaram a minha identidade de detento, e não tenho um certificado de nascimento, bla bla bla. Eu tenho que esperar pra acertar tudo. Elvis quer que eu vá o mais rápido possível, então eu disse, “foda-se vamos dirigindo.” Vamos ficar lá três meses mesmo. Ele queria alugar um carro e que a gente fosse até lá, e eu disse, “ao invés disso, a gente pega e usa a van, então isso te economiza uns milhares de dólares.”
Porque você gosta tanto do Elvis como um produtor? Porque ele é a escolha certa?
Ele é tipo meu melhor amigo. Conheço ele desde que tinha 18 anos de idade. Tem uma música chamada ‘Listen Up’ no MySpace. A ‘Not Good Enough For Truth in Cliché’ do Dying Is You Latest Fashion, e as outras duas chamadas ‘Make Up’ e ‘As You’re Falling Down’. Essas músicas foram quatro demos que o Escape The Fate não fez. Foi eu e ele que escrevemos. Nem eram músicas para serem usadas pelo Escape The Fate. Elas foram pro CD porque eram muito boas e o Brett Gurewitz realmente gostava delas, então ele colocou lá. Mas eu e ele trabalhando juntos somos muito bons para criar músicas. O cara é um gênio, realmente um gênio. Eu não sei se ele tenta manter isso escondido do resto do mundo, mas ele sabe o que está fazendo.
E ele trabalha bem com os vocalistas, pelo menos é isso que eu sempre percebo nos discos que ele produziu.
Sim ele manja de trabalhar com vocais. É por isso que eu e ele nos damos tão bem. Uma das bandas favoritas dele é o Van Halen, e ele disse que eu lembro o David Lee Roth. Pra mim esse é o maior elogio que você pode dar no mundo.
Parece que o Nason realmente ficou do seu lado. O que significa pra você o fato dele ter acreditado em você?
Eu estava saindo pelo portão da prisão, e indo pra estrada – já tendo os calafrios só de pensar nisso – levado algemado para ser libertado para o público. E foi insano. Esse passeio, eu comecei a chorar, lágrimas escoriam do meu rosto. [Foi] a primeira vez que eu chorei em dois anos e meio. Eu não chorei na minha sentença, nem na prisão. Mas foi impossível. Eu senti que um grande peso estava sendo levantado. E eu pensei no Nason o tempo todo. Filho da puta ficou do meu lado durante tudo isso. Eu o conheço quase o mesmo tempo que eu conheço o Max. Conheço o Max 3 anos a mais. Pra um amigo fazer isso, ter essa lealdade é ridículo.
Quando vocês se conheceram?
Desde os meus 18, 19 anos, quando a primeira demo saiu. Nós não éramos melhores amigos, do tipo que fica junto o dia todo, mas éramos amigos, eventualmente a gente saia.
Musicalmente, como as novas músicas estarão?
Eu não sei nem explicar ela. Sabe o que é louco? Se vestir como se estivesse numa daquelas bandas dos anos 80 de hair metal, quando eu fazia isso em 2007, ninguém fazia isso na época, ok? Ninguém fazia isso. E se faziam, não era igual a gente fazia. Eu saio, e hoje tem várias bandas que se parecem exatamente igual ao Escape The Fate, e eu me sinto sei lá, meio orgulhoso. Me sinto honrado, cara. Isso é muito legal. Isso me deixou bem feliz, ver que pessoas fazem isso.
Foi um acidente colocar breakdowns em músicas como ‘The Guillotine’ no Dying is Your Latest Fashion. E depois a próxima música era “Reverse This Curse”, e é quase uma música pop do Blink-182. Isso foi um acidente, só fiz isso por que eu queria fazer isso na época. Queria fazer algo diferente. Agora todo mundo ta fazendo isso: breakdown, breakdown e depois a música pop, e depois breakdown. Ninguém fazia isso na época, era ou breakdowns o tempo inteiro com vocais gritados, ou pop.
Agora todo mundo ta nessa de breakdown/pop. Estou tentando manter as coisas meio a meio pra nós. Algumas das músicas tem breakdowns normais, e a maior parte deles estão meio… escuros. Acordes escuros. Shredding, shredding riculo. Pedais duplos. O Jacky faz alguns guitarristas parecerem amadores, ele é muito bom, cara.
Você tem alguma gravadora em mente?
Nós temos algumas em mente, três ou quarto já entraram em contato comigo. Pode ser que eu continue na Epitaph, eu acho que é isso que vou fazer. Ainda estamos decidindo tudo. Já temos algumas coisas certas, mas não posso falar ainda sobre isso.
Vocês vão ficar em Orlando por três meses. Vai gravar todas as 25 músicas que escreveu?
Quero manter isso em segredo, bem segredo… não posso falar, posso falar uma coisa, vai chocar todo mundo. As pessoas vão ver e pensar “o que?” quando ficarem sabendo o que vamos fazer com o novo álbum.
Manter algumas coisas em segredo é bom mesmo. Muito da sua vida tem sido um livro aberto – ter algumas coisas agora reservado é bom.
Só por enquanto, eu quero manter nisso em segredo… Ok, vou falar vai. Queremos fazer dois discos, um bem pesado e o outro com as músicas pop, e lançar os dois no mesmo dia.
É mesmo? Isso parece fantástico.
Ninguém faz isso.
Não. Quando fazem acabam lançado um antes, e depois o outro 4 meses depois se o primeiro vender bem.
Eu acho que a cabeça do pessoal vai explodir se isso acontecer, não é? [risos]
Porque decidiram fazer isso, então?
Eu que tive a idéia. Acho que a minha criatividade foi voltando aos poucos e eu virei uma grande bola de criatividade – andando, irradiando, produzindo criatividade. Sabe, estou 100 sóbrio, estou saudável. Estou um pouco cortado. Minha mente está no lugar certo, minha criatividade está no ápice. A forma como as músicas são cantadas, [ninguém]… está fazendo isso agora. É isso que vamos fazer.
Não é estranho como quando você ta usando as drogas acaba pensando “isso é ótimo”. E depois quando você larga, você pensa, “no que é que eu tava pensando?”
Exatamente. E eu acredito que no novo álbum do Escape The Fate, eles acabaram sendo apressados para fazer algo, e eles foram forçados a produzir as músicas rapidamente. Vou ser honesto com você, estou tentando ser imparcial, mas eu não gostei. Eu não gostei da forma como eles levaram a coisa. Essa é só a minha opinião, embora, e obviamente todos vão falar “Não é à toa.” Mas de todos os vocalistas, eles poderiam ter pegado um cara melhor que o Craig, né cara? Eu acho que sou um vocalista muito melhor que o Craig. Pra ele agir e se vestir como se fosse eu, e até falar, usar algumas expressões minhas, é patético. Eles deveriam ter tentado se reinventar e até mudar o nome quando o This War Is Ours saiu. É isso o que eu acho.
Você já tinha falado com o Craig alguma vez antes de ir pra cadeia?
Nós éramos amigos. Eu lembro que as duas bandas [Blessthefall e Escape The Fate] estavam na turnê Black On Black e ele foi até a sala lá onde ficavam as bandas na última data da turnê falando que alguém tinha roubado o laptop e todo dinheiro dele. E Ele tinha que comprar fraldas pra filha dele. E eu lembro que, da última vez que eu vi ele, literalmente antes de entrar no ônibus, eu peguei 300$ da minha carteira e disse pra ele “Cara, ta aqui minhas ultimas 3 notas de cem. Vá compra fraldas pra sua filha, cara.” Ele me deu um abraço. E essa foi a última vez que eu vi ele.
Parece que você ainda tem uma certa raiva em direção a ele e a banda.
Sim. É esperado. A raiva será direcionada no álbum. Não terá nenhuma hostilidade quando a gente se ver. Eu sou uma pessoa melhor agora. Mas falar tanta merda por 2 anos e meio, sabendo que eu não posso me defender? Isso é o mais baixo possível, cara. E eles tentaram escrever pra gente e falar que somos amigos agora – ele ta tentando escrever pra minha banda…
Quem?
O Craig tentando escrever pra minha banda para curtir um tempo juntos. Ele estava fazendo isso só pra me provocar. Queriam me quebrar e querem continuar me quebrando, mas isso não vai acontecer. Especialmente quando a gente vê a merda que é o Escape The Fate Hoje.
Tem alguma coisa que pode fazer vocês ter o mesmo relacionamento de antes?
Não. Nunca. A única coisa que eu posso fazer é perdoar. E eu vou perdoar todo mundo por tudo que fizeram. Não sou perfeito; fiz coisas erradas também. Mas amigos devem estar junto com os outros. Tem muita coisa que o Max fez no passado que eu perdoei, e ele sabe disso. Ele sabe disso. Foram coisas horríveis pra mim. E eu não espero que ele venha e fale, “oh, a gente tem que esperar ele sair da cadeia.” Mas não precisavam me expulsar, e ficar falando merda sobre mim, mentir, falar que fui pego com heroína, e coisas do tipo. Eles poderiam ter me apoiado.
É uma situação bem difícil mesmo. O que vem na minha cabeça ao ter essa conversa com você é ver como você está soando tão confiante, eu acho. Acredito que confiança foi uma coisa que nunca faltou pra você – mas a sua voz parece estar bem clara e direcionada, a forma como você está falando.
Bem, obrigado. Eu fiquei muito mais educado. Hoje fomos ao shopping, e eu acabei entrando na frente de uma pessoa e já virei na hora falando, “Oh, desculpa.” Se eu trombo com alguém hoje eu peço desculpas na hora. Eu esqueci que as vezes as pessoas acabam trombando com as outras, e não precisavam falar desculpa. Mas na cadeia, não tem essa. Eu não sei. É louco.
Agora que você esteve preso, você se arrepende de ter ido parar lá?
Eu não mudaria nada. Não mudaria nunca, porque sou um cara muito melhor hoje. Estou tão diferente, tão focado e encontrei um novo respeito pela vida.
Poucas pessoas ganham essa segunda chance. Quantas histórias a gente sabe de pessoas que vão pra lá, e não mudam nada, não aprendem nada. E elas saem e continuam fazendo a mesma coisa.
Exatamente. Ou, tipo, eu escutei muita coisa quando tava lá, falaram que os prisioneiros quando saem voltam imediatamente pras drogas – mesmo que não queiram – por que não conseguem lidar com a ansiedade gerada pela liberdade. É ridículo. Se eu pudesse demonstrar pra vocês como é difícil lidar com pessoas de novo, é tão ridículo. As pessoas voltam pra cadeia porque não conseguem lidar com a realidade.
Eu escutei antes isso, e faz tanto sentido. Você está acostumado com horários rígidos e de repente é jogado no meio do caos, e agora é a semana do natal. Então é muito mais insano.
Sim, eu fui no shopping. Meu Deus, foi uma loucura.
Eu nem quero ir perto de um shopping. Se você já consegue fazer isso, acho que está bem encaminhado…
Eu tenho medo de garotas, tipo pavor. E isso é louco. Porque antes de ir pra prisão, eu era metido, “To nem ai. Posso pegar a mina que eu quiser.” Não tinha nenhum medo. Eu ia, chegava e conversava com qualquer uma. E hoje tipo, não consigo nem falar, sinto vergonha, fico bem vermelho.
É como se você tivesse 13 anos ou coisa do tipo.
Sim, como se eu fosse virgem de novo. Eu ainda não transei na verdade [desde que sai da prisão]. Tive algumas ofertas, mas rejeitei. Eventualmente eu vou fazer isso.
O que mais você quer que as pessoas saibam?
Eu quero pedir desculpa a todos os meus fãs por decepcionar eles. Eu queria agradecer a todos os fãs que ficaram do meu lado durante todo esse tempo, porque esperar durante dois anos e meio não é fácil. As pessoas esquecem. Eu não posso acreditar que vocês não se esqueceram. E eu queria agradecer aos meus fãs, pelas 100,000 cartas que eu recebi. Essas cartas, elas continham mensagens como, “Obrigado. Você salvou a minha vida. Se não fosse por você eu cometeria suicídio”. É uma loucura pensar que as minhas letras ajudariam alguém a esse ponto.
Tem muita pessão no ar.
Eu sinto que tem muita pressão para esse álbum. Não sei se ele vai ficar fantástico. Mas vamos receber muita pressão.
Mas parece que você tem todo um sistema de suporte – que você conhece e que esteve ao seu lado.
Todo mundo ao meu redor está sóbrio. Ninguém usa drogas. Nenhum estranho ou coisa do tipo. E isso é o que importa pra mim.
Se você sair de novo para turnês, vai ser horrível ver pessoas no mundo que querem ver você cair de novo e querem que você volte a usar drogas.
Na minha mente agora, eu daria um soco na cara, se alguém me oferecesse drogas nesse momento. Isso seria uma tremenda falta de respeito; tá tirando com a minha cara? Estou mais forte do que nunca.”

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